Fotos: Carlos Queiros - DP



A combinação de uma rotina sedentária e estressante, somada à genética, ou ainda à má alimentação e ao tabagismo, pode desencadear diversos problemas crônicos, como hipertensão e diabetes. Mas o problema não para por aí. Essas doenças podem levar a complicações cardiovasculares, cada vez mais comum em pessoas jovens. O infarto, o mal súbito e o acidente vascular cerebral (AVC), que geralmente atingem pessoas com mais de 50 anos, agora não escolhem mais idades.

Um estudo realizado pelo Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, aponta que os casos entre jovens de 20 a 40 anos já representam, em média, 12% do total. Há dez anos, esse número não passava de 6%.

Apesar de os cinquentões ainda serem os mais propensos, a falta de prevenção e de hábitos saudáveis tem tornado essas complicações frequentes em adultos jovens. Com 30 anos de profissão, o cardiologista Luiz Roberto Ruschel observa o crescimento da demanda por consultas de pacientes com menos de 50 anos no consultório e alerta para os sintomas e quem deve ficar atento aos primeiros sinais.

A recepcionista Helen Cristina Caramão, 36, é um exemplo entre as pessoas que devem ficar em alerta. O fator genético pesa contra ela. Além da avó, que morreu em decorrência de problemas cardíacos, a mãe é hipertensa. Entretanto, a jovem recepcionista só começou a dar atenção a esses fatores depois de ter identificado um pico de pressão. O medo de morrer e deixar a filha fez Helen mudar a rotina alimentar e encarar a esteira. Depois de quatro meses de exercícios, aliados à medicação para estabilizar a pressão, os efeitos já são sentidos, em especial, na melhora da disposição.

Hora marcada
Segundo Ruschel, problemas cardiovasculares tendem a acontecer de madrugada e pela manhã, em decorrência dos processos sanguíneos, específicos do organismo. Ele ainda faz um alerta: o consumo de drogas pode provocar overdoses e arritmias, fator que poderia estar relacionado ao aumento no número de jovens com problemas cardíacos.

O segredo para ficar longe dessas doenças é ter uma vida saudável. Alimentação balanceada, acompanhamento preventivo e, é claro, mexer o corpo. Para manter as atividades regulares, a educadora física Juliana Morales orienta a busca por uma modalidade que o paciente goste, pois servirá de fator de estímulo à prática. Mas adverte: antes de sair fazendo exercícios físicos é preciso passar por uma avaliação, com um educador físico, acompanhado de um cardiologista.

Quem está na zona de risco 
- Fumantes
- Hipertensos 
- Diabéticos 
- Pessoas com colesterol elevado 
- Pessoas que têm histórico das doenças na família (homens com mais de 60 anos e mulheres com mais de 50)
- Pessoas que utilizam drogas

Quem pode vir a desenvolver essas doenças 
- Sedentários
- Pessoas com rotina estressante
- Quem costuma ingerir grande quantidade de bebidas alcoólicas
- Aqueles com grande percentual de gordura abdominal
- Quem não possui alimentação balanceada e costuma ingerir muita gordura saturada e carne vermelha
- Mulheres pós menopausa

Sintomas
Ataque cardíaco
- Dor ou desconforto no centro do peito ou lado esquerdo
- Dor ou desconforto nos braços, ombro esquerdo, cotovelos, mandíbula ou costas.
- Dificuldade em respirar ou falta de ar
-Tontura e enjoo

AVC
- Fraqueza muscular
- Perda de visão
- Dor de cabeça ou na nuca
- Dormência na face, principalmente apenas de um lado
- Tontura, dificuldade para andar e falar

Doenças cardiovasculares
- 80% das mortes por doença cardiovascular são devido a infartos e AVCs
- Em 2012, 17,5 milhões de pessoas morreram devido a doenças cardiovasculares, o que representa 31% de todas as mortes do mundo
- 75% das mortes ocorrem em países de baixa e média renda, devido à falta de prevenção e informação adequada para os grupos de risco 

(*) Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)